Não
estou falando de longos processos de divórcio que se arrastam por anos. Estes em
geral são as mulheres que solicitam.
Também
não me refiro àqueles relacionamentos que se prolongam desmedidamente,
sem que nenhum dos dois esteja satisfeito. Estes também são interrompidos, na
maioria das vezes, pelas mulheres.
Nesses casos o vínculo entre os dois já se perdeu em algum tempo lá atrás. A
separação dos corpos não coincide com o término do romance.
O
que estou dizendo é que sempre será a vontade do homem que determinará o futuro
de um casal. O que é natural, já isso acontece desde o momento em que ambos
estão solteiros. Se ele não correr atrás não acontece nada.
Mulheres
são cortejadas. Homens cortejam. Isso é da natureza do ser humano. Se o cara tá
afim de conquistar determinada mulher, irá batalhar por ela, fará de tudo pra
chamar sua atenção. À mulher, cabe avaliar e decidir se vale a pena. Nenhum dos
lados é melhor nem pior que o outro, apenas funcionam assim.
Mesmo
uma mulher que, de início, se demonstre desinteressada pode acabar se
interessando por um cara que demonstre empenho em sua conquista. Ele foi à luta:
enviou flores, mandou torpedos, escreveu e-mails, alguns poéticos, outros
cômicos. Quando saíram, ele foi simpático, engraçado e prestativo, na medida
certa. Teve até uma vez que ele deu pra ela um pen-drive, com uma só música,
aquela que seria a nossa música.
Mas
isso é só a fase da conquista. Para romance continuar, é preciso que o cara
insista.
Uma
palavra mais exaltada, um ataque de ciúmes, uma manha, isso é natural e
recorrente. Basta jogo de cintura e uma caixa de bombons à mão e os problemas
são contornados.
Só
que as responsabilidades aumentam. As diferenças ficam maiores com o passar do
tempo. A vontade de permanecer junto deve crescer na mesma proporção.
Logo,
logo, ela estará sonhando com mais atenção, mais segurança. .Quer estabilidade, um
cachorro e um apartamento de 3 quartos. Com sacada, closet e uma suíte.
Ele
não precisa dar tudo a ela. Mas tem que demonstrar que está disposto a dar a
ela tudo que merece. Não deu pra conhecer Cancún, mas aquela pousada na Serra Gaúcha
foi muito legal. A ideia é essa.
No
começo ela nem tava muito afim. Achou ele nada a ver, sem sal. Mas se
sensibilizou com o empenho do sujeito. Ao longo dos anos foi descobrindo suas
forças, sua aplicação, seu jeito obstinado de fazer o melhor, a dedicação às
coisas que importavam e o desapego àquilo que não faria diferença. Chorou
assistindo “Marley & Eu”, mas é um homem confiável e seguro. Viril, no fim
das contas. Passou anos ao seu lado sem morrer de amores por ele, mas já
não sabe mais como deixá-lo. Se apaixonou profundamente sem ter se dado conta.
Vejamos
agora a situação inversa. Vamos voltar lá atrás. Ambos estão solteiros. A
mulher se interessa e o cidadão mal nota que ela existe. O que a mulher pode
fazer?
Já
na hora da conquista existem poucas armas. Ela irá fazer o quê? Talvez colocar
um vestido, com um belo decote e um perfume gostoso.
Se
ele não gostou do que viu antes (um sorriso forçado, aquela pinta fora do lugar, mãos
grandes, qualquer coisa) nada disso irá adiantar.
Suponha
que ele tenha gostado. Namoram.
Passou
algum tempo. Ele não tá mais naquela fissura. Nunca esteve, pra falar a
verdade.
Houve
desgaste. Ficou cansado com todas aquelas responsabilidades. Agora é casar ou
se separar. Gosta dela? Gosta, mas...
O
que ela pode fazer? Nada.
E
o vestido? O decote? Nada.
E
se ela for super legal, deixá-lo sair com os amigos, comprar o DVD do Batman
(que ele não conseguiu ver no cinema) pra assistir no domingo? E se ela comprar
cerveja, costurar o meião de futebol e fizer bolo de chocolate? Gratidão, não
amor.
E
se ela ainda o espera com pernil no forno e Super Bowl na TV da sala? Amizade.
E
se ela veste aquele baby-doll que ele adora, faz francesinha nas unhas e coloca ao lado da cama aquele vidrinho de óleo de bebê que comprou no último aniversário? Tesão.
Mulheres associam esses sentimentos (tesão, amor, gratidão, amizade) ao seu companheiro. Mesmo que
não haja o ímpeto inicial da paixão, constrói-se uma relação com uma mulher
adquirindo-se a sua confiança. Passo-a-passo estabelecem-se os demais
sentimentos no casal, o coração da mulher é arrebatado de vez, o homem cultiva
esse amor e o relacionamento perdura.
Homens,
por sua vez, lidam bem com tais emoções de forma separada. Não é porque um
homem aprecia a companhia de uma mulher que ele irá se apaixonar por ela.
Tampouco o enlouquecerá de paixão aquela que lhe faz maravilhas na cama. Não
necessariamente. E nada garante que ela sendo super boazinha irá despertar
sentimentos mais nobres em seu peito.
Aquele amor puro, original, é um sentimento genuinamente masculino, portanto. É algo que nasce no coração do homem logo no contato inicial. Ou gosta ou não
gosta. Assim mesmo, de primeira. Se isso irá se desenvolver ou não, dependerá
do equilíbrio sentimental
dele.
Isso o torna egoísta. A responsabilidade sempre cairá em suas
costas. O que não é um fardo nem privilégio, apenas uma constatação.